“Um fotógrafo não faz uma fotografia apenas com sua câmera, mas com os livros que leu, os filmes que assistiu, as viagens que fez, as músicas que ouviu e as pessoas que amou”. Ansel Adams não poderia ter sido mais feliz ao proferir esta frase e, a meu ver, ele tem absoluta razão.
De todas as formas de se adquirir conhecimentos citadas na fala de Adams, cada um obviamente com sua parcela de contribuição, eu destacaria a importância de viajar e encher a mochila de experiências em prol da evolução de nossa própria fotografia.
Nossa bagagem de vida serve como referência para praticamente todas as nossas futuras escolhas e não poderia ser diferente sua importância antes do clique, antes de fazer sua fotografia.
Num mundo cada vez mais competitivo nesta era da fotografia digital, buscar conhecer pessoas, lugares e culturas diferentes pode ajudar a dar um diferencial ao trabalho de um fotógrafo. Também ajuda, e muito, a criar a sua própria assinatura e trazer personalidade a sua obra.
Em algum momento da carreira de um fotógrafo, percebe-se que o conhecimento técnico entre um jovem iniciante e um experiente profissional acabam se equiparando. Isso acontece porque, com dedicação e estudo, qualquer pessoa pode dominar a técnica de congelar o momento e é aí que você descarrega aquela sua bagagem que pode fazer toda diferença e desempatar o jogo.
Claro que o exercício diário da fotografia ajuda treinar o olhar e quiçá prever, se antecipar a algumas situações que podem aparecer no meio do caminho, mas uma viagem, ah… sempre será uma viagem! Não importa se é uma trip internacional, um bate volta até aquela ilha de pescadores ou aquela fazenda a poucas horas de sua casa, ter a sensibilidade de captar o que cada lugar tem de melhor é primordial para que esta teoria tenha efeito.
Mas o que posso trazer de uma viagem que fará diferença em meu trabalho como fotógrafo? A resposta pode estar em cada esquina, em cada café, ou no alto de uma montanha.
Traga a luz que viu naquele lugar (se puder percebê-la em horários diferentes, melhor ainda), traga o clima, o ritmo que as pessoas caminham pelas calçadas, a forma que elas reagem ao serem fotografadas. Você pode visitar uma exposição de fotógrafos nativos, tentar clicar aquele consagrado ponto turístico em um ângulo original ou inusitado, uma dança típica e, se der sorte, pode até ser convidado para uma cerimônia de casamento local.
Tudo isso pode e deve agregar valor ao seu trabalho e ajudar a criar uma linguagem pessoal. Quando transformamos o conhecimento empírico em referências, nos sentimos mais confortáveis, preparados e seguros para desenvolver e assinar a autoria de nosso trabalho.
Essa experiência cultural, climática e – por que não dizer? – antropológica, se fará presente na hora de dirigir um personagem para um ensaio, poderá definir seu comportamento diante das dificuldades de uma pauta, no respeito pelo lugar ou pessoa a ser fotografada ou até na escolha de um lugar adequado para um job. Afinal, a gente nunca sabe quando um cliente vai pedir uma indicação de cenário para um trabalho na neve ou numa ilha paradisíaca, né?
Basicamente, uma viagem, se bem aproveitada, faz aumentar nosso vocabulário fotográfico e só temos a ganhar com isso.
Portanto, na sua lista de investimentos, onde já devem constar itens como atualização periódica de equipamento, cursos e workshops, considere incluir algumas viagens durante o ano, garanto que o conhecimento adquirido e agregado à sua fotografia é tão bom quanto.